Remembering the aggression against Yugoslavia – defend peace!
The Portuguese Council for Peace and Cooperation (CPPC) condemns and denounces, once
again, so that what happened twenty-four years ago, on March 24, 1999, does not happen
again. A military attack on the Federal Republic of Yugoslavia (Serbia and Montenegro)
carried out by NATO under the command of the United States of America (USA), without
authorization from the United Nations Security Council and in flagrant violation of the
respective Charter, of the Final Act of the Helsinki Conference, and of basic principles of
international law. By attacking a state that did not threaten any of its members, NATO violated
even its own founding act.
In the seventy-eight days that the sea and air bombardments lasted, besides military
objectives, they destroyed government buildings, hospitals, airports, electricity and water
supply stations, bridges, markets, factories, trains, Radio Serbia Television and other civil
infrastructure, including centuries-old churches. Thousands of civilians died or were injured as
a direct result of successive waves of attack; the use of depleted uranium, graphite, or
fragmentation ammunition, and other toxic or flammable materials, caused damage to the
environment and the population, which still persist today.
This military operation, then publicised by the dominant media as a “humanitarian
peacekeeping mission,” dealt a final blow to the multi-ethnic state of Yugoslavia, which
disappeared by subdivision into multiple weakened ethnic states, controllable by the
perpetrators of the attack, and ready to be just one more US military outpost. An obstacle to
the domination of the important Balkan region was thus removed and impetus was given to
the expansion of NATO and the militarisation of Eastern Europe, in line with the geostrategic
designs of the US.
It should be remembered that this military intervention also opened a serious precedent with
the imposition of the establishment of a NATO protectorate, Kosovo.
As the authors themselves later confirmed (NATO Conference, April 2000, Bratislava), the
aggression constituted a rehearsal and the opening of a precedent for what would later
become a pattern of action by the US and its allies in the following decades, namely, in
interventions in Afghanistan, Iraq, Libya, Mali, Syria.
Military interventions accompanied by: orchestration of sanctions and blockades (to inflict
maximum suffering on populations); instigation of interethnic or religious hatreds; promotion of
insurgent or terrorist groups (supporting them with weapons, and military intelligence, if
necessary); media campaigns demonizing the leaders of States targeted by interference (to
encourage public opinion to support or show indifference to attacks carried out against these
States); concealment of the true objectives of these attacks (under the guise of humanitarian
actions or the defence of human rights); promotion of “colour revolutions” to allegedly export
“Western-type democracy” to the targeted states (but, in reality, to replace regimes resistant
to attempts at domination by great Western powers).
At a time like the present one, it is important to remember how the serious events of twenty-
four years ago were forged with objectives, methods and means that, not only remain
present, but, over time, have become even more pervasive and dangerous. The CPPC
considers that it is important to keep the memory of these facts alive in order to face the
barrage of media propaganda, the lies disseminated as if they were indisputable truths, the
systematic manipulation to which people are subjected daily. Because the unrelenting
defence of peace is the only viable way to ensure the future of Humanity; and, today, as
yesterday and always, this defence calls for informed, lucid and determined citizens.
For Peace, we are never too many!
The National Board of the CPPC
March 24, 2023
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Relembrar a agressão à Jugoslávia – defender a paz!
O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) condena e denuncia, mais uma vez, para que não se repita, o que se passou há vinte e quatro anos, no dia 24 de março de 1999. Iniciava-se, então, o ataque militar à República Federativa da Jugoslávia (Sérvia e Montenegro) levado a cabo pela NATO sob comando dos Estados Unidos da América (EUA), sem autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas e em flagrante violação da respetiva Carta, da Ata Final da Conferência de Helsínquia, e de princípios básicos do direito internacional. Ao atacar um Estado que não ameaçava nenhum dos seus membros, a NATO violou inclusive o seu próprio ato fundacional.
Nos setenta e oito dias que duraram os bombardeamentos por mar e ar, além de objetivos militares, foram destruídos ou seriamente danificados edifícios governamentais, hospitais, aeroportos, centrais de eletricidade e de abastecimento de água, pontes, mercados, fábricas, comboios, a Rádio Televisão da Sérvia e outras infraestruturas civis, incluindo igrejas centenárias. Milhares de civis morreram ou ficaram feridos em resultado direto das sucessivas vagas de ataque; o emprego de munições de urânio empobrecido, de grafite, ou de fragmentação, e outros materiais tóxicos ou inflamáveis, causaram danos no meio ambiente e na população, que ainda hoje persistem.
Essa operação militar, então publicitada pelos meios de comunicação social dominantes como “missão humanitária de manutenção da paz”, deu o golpe final no Estado multiétnico da Jugoslávia, que desapareceu na subdivisão em múltiplos Estados de raiz étnica, enfraquecidos, controláveis pelos perpetradores do ataque, e prontos a ser outros tantos postos militares avançados dos EUA. Estava, assim, removido um obstáculo ao domínio da importante região dos Balcãs e dado um impulso à expansão da NATO e militarização do leste da Europa, em conformidade com os desígnios geoestratégicos dos EUA.
Recorde-se que esta intervenção militar abriu igualmente um grave precedente com a imposição da instauração de um protectorado da NATO, o Kosovo.
Como os próprios autores confirmaram mais tarde (Conferência da NATO, abril de 2000, Bratislava), a agressão constituiu um ensaio e a abertura de um precedente para o que viria a ser um padrão de atuação dos EUA e seus aliados nas décadas seguintes, nomeadamente, nas intervenções no Afeganistão, Iraque, Líbia, Mali, Síria.
Intervenções militares acompanhadas por: orquestração de sanções e bloqueios (para infligir o máximo sofrimento às populações); instigação de ódios interétnicos ou confessionais; fomento de grupos de insurgentes ou terroristas (apoiando-os com armas, e inteligência militar se necessário); campanhas mediáticas de diabolização dos líderes dos Estados alvo de ingerência (para suscitar a adesão ou indiferença das opiniões públicas perante os ataques promovidos contra esses Estados); encobrimento dos verdadeiros objetivos desses ataques (sob a capa de ações humanitárias ou de defesa dos direitos humanos); promoção de “revoluções coloridas” para, alegadamente, exportar “democracia de tipo ocidental” para os Estados visados (mas, na realidade, para substituir regimes refratários a tentativas de dominação das grandes potências ocidentais).
Num momento como o atual importa lembrar como os graves acontecimentos de há vinte e quatro anos, foram forjados a partir de objetivos, métodos e meios que, não só continuam presentes, como, com o tempo, se tornaram ainda mais pervasivos e perigosos.O CPPC considera que importa manter viva a memória desses factos para fazer frente à barragem da propaganda mediática, às mentiras difundidas como se fossem verdades incontestáveis, à sistemática manipulação a que os povos são diariamente submetidos. Porque a defesa intransigente da paz apresenta-se como o único caminho viável para assegurar o futuro da Humanidade; e, hoje, como ontem e sempre, essa defesa exige cidadãs e cidadãos informados, lúcidos e determinados.
Pela Paz, todos não somos demais!
A Direção Nacional do CPPC
24 de março de 2023